Dia 17.04 - Ministrante: André Goldfeder
Fruto
do entroncamento de fontes várias, a obra poética de Francisco Alvim (1937)
parte de respostas às questões mais centrais do debate poético dos anos 1970 no
Brasil e segue sedimentando um projeto singular a partir do móbil inicial. Esta
aula pretende discutir um aspecto recorrentemente contemplado por sua fortuna
crítica, referente à articulação entre as dimensões “lírica” e
“objetiva/dramática” dessa poesia. Partir de um olhar mais detido acerca da
primeira delas pode ser um mote interessante para vislumbrar os traços do
conjunto da obra.
Não posso pensar cada instante de minha vida
numa
palavra
Não
posso mas é o que gostaria de fazer
Sei
que a vida não me vive para se ter escrita
me
vive para me ter vivido
Sei
disso mas é como se num lago muito calmo
onde
a chuva caísse mansamente
e
em cada círculo na água um outro (o mesmo) lago
onde
chovesse
OLHAR
Sombra de nuvem no lago
Um arco
de luz se abre
Tarde imóvel que voa
Na sala
em que ela está
bela
bela como a neve dos Andes
horizontes extensos
umidade dos montes
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